segunda-feira, 23 de maio de 2011

Visita a Ilha de Jenipaúba

Sexta passada o projeto visitou a ilha de Jenipaúba, no município de Acará - PA.
Fotos: Carlos Vera Cruz


























3 comentários:

  1. Dia 20/05/2011
    Eu, Carol Domingues e Carlos Vera Cruz chegamos as 8:30 no Porto do Açaí(Belém-Pará) para esperar o barco "Duas irmãs" onde estaria um Sr. Astrogildo(que nunca tínhamos visto), conhecido com Astro. Entre homens e mulheres trabalhadores de venda de açaí e farinha ao som da música brega do Pará, andamos até o trapiche e após alguns minutos de esperar o barqueiro nos encontrou na beira do cais.
    -Vocês vão viajar??
    -Sim. Estamos esperando o barco do Sr. Astrogildo, o senhor conhece?
    -Sou eu!!
    -(eu disse) Ah!! então vamos!!
    - o barco tá pra lá(disse ele)
    Atravessamos por entre pontes e barcos do Porto (demos carona para duas moradoras) e sentamos no barco pequeno do Sr. Astrogildo.
    Nas águas do rio Guamá atravessamos p/ ilha de Jenipaúba.
    O rio está calmo, mas pensei que não tínhamos salva-vidas (um frio na minha barriga).
    Mas o olhar do Seu Astrogildo sorrindo para mim me dá confiança e ao mesmo tempo um sorriso de "ben-vindos".
    É uma viagem onde a gente não conversa por causa do "barulho" do motor do barco exercitamos o olhar nas águas calmas do rio e paa terra que se aproxima.
    Vera Cruz continua com seus instrumentos tecnológicos e retira da mochila um MP3 que me parece sem sentido em meio ao barulho ensurdecedor do motor do barco.
    Resolvo conversar com seu Astro.
    -Senhor vem sempre pra Belém?
    -Não, eu moro lá.
    -O senhor trabalha com o que?
    -ah, eu carrego açaí, farinha e trabalho com isso.
    (não conseguindo ouvir direito digo)...eu sei.
    Uma das moradoras que demos carona, vestida com camisa "Betty Boop" lê uma revista onde a manchete é sobre a trama de amor de uma novela.
    Observo a minha aluna Carol Domingues (que nome poético porque me lembra Cuba, Che-Guevara, música cubana).
    Pausa (rio...viagem..respingo d'águas).
    Meu olhar se aproxima cada vez mais da terra.
    - Uau!! que visão linda!! Pergunto o nome para a moradora e eu compreendo que ela nos diz é a ilha Paraíso do Abaeté. Avisto muitas árvores de açaí.
    As casas são como uma obra de arte. No estilo...ih, não seu qual estilo, mas talvez rústico.
    Durante a viagem seu Astro demonstra preocupação com a gente e, de vez em quando, olha para nós do seu assento de motorista.
    Olho pro rio, olho para o que se aproxima (garças, árvores, lama,galhos, casas ribeirinhas). Avistando tudo isso eu me questiono sobre os objetivos do projeto e suas intenções de democratização da linguagem teatral nas escolas ribeirinhas de Belém, agora no município do Acará.
    Já decorreram 20 minutos de viagem.Cruzamos com outros viajantes e, interessante, as pessoas se olham e se cumprimentam, se dão tchau. Diferente da privatização do dirirgir um carro na cidade de Belém.
    Carol me olha e diz que hoje é a festinha dos dias das mães na escola que visitaremos.
    Continuamos viajando..avistamos evasão na ilha. Vera Cruz registra.
    A beira da ilha avistamos as casas, vegetação compalmeiras de açaí, casas da beira do rio, varal com roupas e redes coloridas quadriculadas estendidas.
    Começamos a observar a erosão na ilha. Muitas árvores no chão.
    Vou conversar com moradores sobre isso.
    Chegamos as 09:50.no igarapé de Jenipaúba. Crianças tomam banho na ponte, canoas ancoradas e uma simpática senhora de 76 anos, líder comunitária, nos recepciona. Nome dela, pasmem, Dona Inês!!
    Vamos lá!!

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  2. Dona Inês,fez a recepção de nós outros e foi nos mostrando a escola.
    Na verdade,a escola está no terreno cedido por ela e atende 4 turmas: pela manhã uma turma de educação infantil e uma sala multiseriada(1ª,2º e 3º anos) e a tarde 2º e 3º.
    A prefeitura do Aacrá cede 4 professores: Kátia Silva, Cláudia Rodrigues, Ana e Marcos(morador da ilha).
    Professora Kátia faz questão de destacar o grau de escolaridade dos professores.Elas estão cursando ou são concluintes do Ensino Superior, licencitura em Pedagogia. Inclusive, ela se orgulha em dizer que faz o PARFOR/Pedagogia na UEPA.
    Kátia nos afirma que na escola não acontecem disciplina de Artes nem de educação física, mas que elas mesmo trabalham com as crianças essas atividades, por isso acha importante a execução do projeto na escola.
    Destaco que o projeto Preamar virá para atender as demandas que elas nos apontarem. Discutiremos as ações junto com elas e as crianças. \Eles gostam da proposta. Em seguida fazemos um passeio pelo rio Jenipaúba em companhia da Bruna, a moça, uma das 23 netas de dona Inês, está na liderança da Associção dos moradores e foi ela que nos mandou seu Astrogildo(filho mais velho de Dona Inês) para nos buscar em Belém.O passeio nos leva pelas margens do igarapé Jenipaúba que dona Inês corrige dizendo que é "foz" e não igarapé e nos faz conhecer alguns moradores, a obra da futura capela. O rio é a rua daquela comunidade.
    Estamos em casa de uma família católica que lidera a Associação de moradores, é referência para tudo na ilha(batizado, retirada de documentos, saúde, transporte e educação).
    Voltamos ara escola, dona Inês nos mostra seu santuário com imagens de Nossa senhora de Fátima, Nossa Senhora de Nazaré e se orgulha em dizer que recolheu 300 reais para a igreja levando a santinha de Fátima pelas casas dos moradores. Nos revela uma paixão pelo catolicismo que vem desde seus antepassados estrangeiros. Carrega no nome um sobrenome europeu.
    Observamos que mães e filhos chegavam com bolos e refrigerante para a festa do dias das mães. Fomos para a festa e a professora Kátia aproveitou para apresentarmos o projeto para os responsáveis pelas crianças.
    Em seguida, a professora Kátia sugeriu que enquanto elas davam os presentes e serviam as mães, nós fizemos iniciaríamos a primeira oficina com as crianças.Levamos todas para salão de tábua da Associação e detectamos duas turmas: uma de educação infantil (5 a 8anos) e outra de 1º a 3º anos(9 a 12 anos).
    Trabalhamos, inicialmente com Jogos tradicionais para nos socializarmos com as crianças e os professores. Os alunos adoelescentes ficaram retraídos em participar, deixamos eles à vontade. Entra na roda quem quer. em seguida, mais um convite e alguns adolescente entraram tão logo dividimos as turmas. Eles não queriam fazer a oficina de teatro com as "criancinhas".
    Carol e eu ficamos com os menores e o aluno Vera Cruz com os alunos maiores(assim dividimos as crianças nesse primeiro dia).
    Após os jogos voltamos para os "comes e bebes" da festa. Aproveitamos para conversar com as mães sobre o dia a dia. queria conhe`^e-las. Me apresentei como mãe de 3 filhos e no meio da conversa descobri que uma das mães foi minha aluna.
    Professora? a senhora deu aula de Teatro no bairro da Terra Firme , em Belém? Na Escola Parque Amazônia? Eu disse que "sim". Ela logo retrucou: - Eu fui sua aluna!! Que ´´e o destino, agora a senhora será professora de etatro dos meus filhos..e começou a falar o porqu~e voltou a morar na ilha e saiu de Belém. "muita violência professora, aqui é mais calmo. Melhor de morar".
    Tive a respostas do meu questionamento dentro do barco(objetivos do projeto) e ela veio na conversa "do lanche", na festa, com essa mãe.
    Aguardem novas impressões e intenções do Projeto Preamar Teatral.

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  3. Uau! Que relatos emocionantes! Fiquei sempre curiosa para saber quais eram os projetos no interior aos quais o Paulo Santana se referiu qdo estávamos tentando fechar a pauta no Teatro da UFPA para as apresentações do "Zona de Guerra", e ficava imaginando de que maneira o teatro é recebido por pessoas que vivem numa realidade tão distante das convenções da linguagem teatral que experimentamos aqui em São Paulo... Já que aqui, ainda que na periferia, as crianças, e também os adultos, sempre acabam, de alguma maneira, entrando em contato com algum tipo de arte... Lembro-me de quando estive em Alter do Chão, ano passado, que na volta eu olhava pela janelinha do avião e via uns pontinhos de civilização no meio do nada, na frente rio, atrás mata, e pensava, "o que significa a arte para essas pessoas?", eu, que acredito que a necessidade de representação, a necessidade de criar o próprio mundo (fazendo referência ao José Ortega Y Gasset, no "A ideia do Teatro"), é inerente ao ser humano, fico pensando quais são os jeitos de representar que pessoas que não aprendem a linguagem artística inventam por si próprias!

    Gostaria de ver mais relatos sobre esse projeto, sobre como as oficinas são recebidas, sobre os resultados depois de um tempo de aplicação... fiquei muito interessada!

    E parabéns pela iniciativa!

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